quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Quo Vadis, Domine?

Renunciei à tão nobre conduta
Frente à mais severa perseguição;
Cedi ao medo, entreguei o irmão
À sombra de um massacre sem luta!

Fugi, deixando toda a lealdade
E a pureza de meus ideais;
Um mundo composto por iguais:
Sangras um rio, sonhada liberdade!

Encontro o Mestre no torto caminho!
"Quo vadis, Domine?", responde quem amaste!
E Rabi fala ao covarde sozinho:

"Vou para os meus, que um dia ensinaste,
Dar alento aos que deixaste sem ninho,
Ser luz a quem tu abandonaste!".

(João Paulo Moço)

sábado, 22 de dezembro de 2012

Teu Olhar

Um mundo se revela no brilho do seu olhar:
Contemplas o horizonte, manifestas a beleza;
Da entrega aos devaneios, em sagrada pureza,
E, no regresso ao coração, mora teu despertar!

Quando, com singeleza única, tu me fitas
Sinto uma forte energia, em doce prenúncio;
É neste mar tranquilo de profundo silêncio
Que as mais belas palavras amorosas são ditas!

O seu olhar é como a imensidão do universo
Fenômeno inexplicável, perpétua saudação,
Capaz de fascinar até o ser mais perverso!

Manancial inesgotável de infinita paixão,
Transforma em ouro o mais pobre verso:
Quando me olhas, falas com o teu coração!

(João Paulo Moço)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Cegos: Amantes da Opressão

A triste realidade nos incita
A, como máquinas, funcionar;
Fantoches, "na linha",  a caminhar:
O cruel sistema nos  limita!

Um ser gigante e opressor
Que nos causa frustrações;
Criando miragens e ilusões,
O submisso é seu defensor!

Na palma da mão, a sociedade
Gananciosa por sonhada riqueza
Abandona a primitiva igualdade!

No esgoto, o conceito nobreza
Dá lugar a falsa liberdade
E escravidão é única certeza!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Soneto de Fim de Ano

O espírito transborda mudanças
Com o término pueril dos anos;
A mente se enche de planos,
O coração suspira esperanças!

Uns querem a caminhada retomar,
Outros, almejam os primeiros passos;
Todos desejam nortear os traços
Para diversos sonhos realizar!

O mundo precisa entender a verdade
Seja ele homem ou mulher:
Ouvir o arauto causando alarde!

E não esquecer um momento sequer
Dessa nobre luz que o invade:
Tempo de mudar é tempo qualquer!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A Conclusão do Guerreiro

O guerreiro teve plena certeza
De abraçar uma árdua luta;
Vestindo a corajosa conduta,
Nadando contra a correnteza!

Tal atuação mergulhou-o em sofrimento
Pelos obstáculos da sombria estrada;
E nem mesmo por sua amada
Encontrou graças de reconhecimento!

E o combatente capitula, exausto
Experimentando, então, a liberdade!
Se entrega à corrente em holocausto!

Enxerga a verdadeira lealdade
Vislumbrando um futuro fausto:
A correnteza era sua única amizade!

(João Paulo Moço)

sábado, 8 de dezembro de 2012

Eu Falhei com Você

Por ti, consegui o medo superar
E só assim, me entreguei;
Com amor, eu planejei
Eterno viver em teu fascinar!

Minh'alma, transbordando verdade
Nunca mensurou os sacrifícios;
Nem a quantidade de artifícios
Que trilhou por sua felicidade!

Coração, outrora tão inocente
Ainda viu uma realidade sofrida
De quem tem carinho e é carente!

Nos teus olhos, viu uma vida
Sofrida por não ter o suficiente:
O amor e a paz tão querida!

(João Paulo Moço)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Momento Bukowski

Não quero viver um dilema
Nem a amargura da imposição;
Onde impera a escravidão
De um podre e cruel sistema!

Quero viver a liberdade
Mesmo que seja ilusória;
Ainda será bela e notória
Sua ausência de maldade!

Quero brincar nessa vida
Como a criança com seu chocalho
Esquecer a maldição sofrida!

E, na pedra, criar o entalho
Da alma mais que "perdida":
Foda-se o trabalho!

(João Paulo Moço)

O Nosso Ninho de Amor

Não existe sofrimento nem dor,
Reinam a paz e o sossego;
Quando desfrutamos o aconchego
Do nosso ninho de amor!

Diante de nós, o mundo cai
Esquecido num sonhar acordado;
Onde tudo pode ser realizado
E qualquer problema se esvai!

É quando permitimos o arder
Da paixão e do desejo, os quais
Não encontram limites de prazer!

Do tempo, exigimos sempre mais
E o amor humilha o nosso querer:
"Nem a eternidade me satisfaz!".

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Exausto Caminhante

Palmilhei um longo caminho,
Alavancado por esperança;
E inocência de criança,
Desbravando tudo, sozinho!

Na estrada, o maldito vento
A luz da esperança, levou!
No lugar, um presente deixou:
Tristeza, dor e sofrimento!

Vivi a extinção do sonho!
Cultivei uma alma sofrida!
Tornei-me um ser tristonho!

Só sei esperar a partida
Deste enredo tão medonho,
Quando hei de deixar esta vida!

(João Paulo Moço)