Meu olhar não quer mais me pertencer,
Seu brilho vaga em terras distantes;
Lá, louco, se esvai com os errantes,
E aqui, a escuridão reina em submeter!
O medo da Morte me abandonou
Porque já sinto o seu beijo em vida;
Tão gélido e de solidão sofrida
Que nem o verme meu estado abençoou!
Uma vida sem razão ou sentido,
Entregue à uma rotina parasitária,
Ultrapassa um coração ferido,
Repudia toda ação libertária,
Exalta o arreio por partido
E ama a câmara mortuária!
(João Paulo Moço)