quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Sonetos de Morte - (I) Meu olhar não quer mais me pertencer


Meu olhar não quer mais me pertencer,
Seu brilho vaga em terras distantes;
Lá, louco, se esvai com os errantes,
E aqui, a escuridão reina em submeter!

O medo da Morte me abandonou
Porque já sinto o seu beijo em vida;
Tão gélido e de solidão sofrida
Que nem o verme meu estado abençoou!

Uma vida sem razão ou sentido,
Entregue à uma rotina parasitária,
Ultrapassa um coração ferido,

Repudia toda ação libertária,
Exalta o arreio por partido
E ama a câmara mortuária!

(João Paulo Moço)

Saudades


Meu coração bate em protestos!
Com intenso fascínio, eu lembrava
Que nosso belo amor morava
Na avenida dos simples gestos!

A nossa cama era palco da emanação
Do Sol na Terra, da perfeita harmonia;
Fonte pura que ninguém compreendia:
A energia dos nossos corpos em fusão!

Ah! Princesa de coração tão nobre!
Você reconquistou a mente pobre
E as lembranças bailam à minha frente!

Brado a mais pura das verdades:
Não cabem em meu peito as saudades
De um passado que desejo ser presente!

(João Paulo Moço)

O Anjo


Tive o privilégio de conhecer
Um anjo em plena paixão;
Que convence o meu coração
Mesmo sem uma palavra dizer!

A felicidade moraria bem aqui
Se ao teu lado eu tivesse vivido!
Ah! Queria tê-la conhecido
Desde o dia em que nasci!

Seu sorriso doce me acalma!
Mesmo distante, presenteia minh'alma
Com paz, esperança, amor e alívio!

Estourou a revolução no pensamento,
O mundo me caiu no esquecimento:
Meu único desejo é o seu convívio!

(João Paulo Moço)