Foi no rolar do teu pranto
Que eu confrontei a vergonha;
Como um bicho de peçonha,
Ela ria do meu espanto!
Lágrimas dançavam em teu rosto
E o pobre coração sangrava;
Ao sofrimento se entregava,
Provando um amargo desgosto!
E tudo por mim!
Parecia não ter fim
A dor que ao vento voa!
Oh! Como fui tolo!
A ti, não tenho consolo:
Minha amada, me perdoa!
(João Paulo Moço)
Os cassetetes beijam os escudos
E todos ficam mudos;
Aguardando o violento toque
Da temida tropa de choque!
Massacram um povo sofrido
Que, sem apanhar, já é ferido;
Pela política da corrupção,
Pelo fardo do patrão!
Na própria carne, passam a navalha;
Sangram pelos mesmos canalhas
Que lhe pagam um soldo de miséria!
Golpeiam de olhos vendados,
Como a fera destrói o gado,
Estraçalhando veias e artérias!
(João Paulo Moço)
Sinto a chegada de novos tempos,
Na primavera, nas flores, nos ventos;
Exalando um tom de esperança,
Realizações, alegria e mudança!
Cada momento é um presente
Que Deus põe em nossa frente;
Um lindo sonho feliz a dançar,
Esperando o trem do realizar!
Que ele não demore a surgir,
Parando na estação, a sorrir,
Provando saborosos embarques!
E retome a viagem com muito suor,
Na construção de um mundo melhor,
Um belo caminho que a todos marque!
(João Paulo Moço)
Mais uma vez, reunidos!
Brindando, em meio aos feridos!
Cerca-nos rostos tão belos,
Uns complexos, outros singelos:
Todos carentes de atenção!
Cada qual, ostenta uma ilusão!
Ao fundo, sons se misturam:
Acordes populares flutuam,
O rock clássico corta o ar!
Dividem a massa a sonhar
Em não tomar o trem lotado,
Em não ser mais um empregado!
Do "outro lado", arrotam nobreza,
Poucos membros da realeza!
São mesma massa, formam o inteiro!
"Mas, papai tem dinheiro!",
Brada a "elite", a "casta nobre",
De uma cidade pobre!
Pobres somos todos nós!
Maldito destino atroz!
Pois, sempre algo nos falta:
Ganância, sempre em alta!
Então: a pobreza brindemos!
E a tudo que jamais teremos!
(João Paulo Moço)
As palavras me saltam do papel
Barulhentas, num ensurdecedor tropel;
Bradam uma, dez, cem:
Gritam para ninguém!
Sou o escritor das paredes!
Ávidas, elas têm sede;
Cobrem tudo com areia e cimento,
Poupam o mundo de um grande tormento!
Meus poemas saem a esmo,
Não agradam nem a mim mesmo,
Por que sigo a escrevê-los?
Oh! Meus filhos! Tão feios!
Monte de palavras em rodeios,
Melhor não mais concebê-los!
(João Paulo Moço)
Sinto uma barreira enorme
Entre mim e a genialidade;
Entre o que penso e a verdade,
E nada faz com que a contorne!
Sinto um imenso abismo
Entre mim e algo bom;
Meus gritos são o som
Deslavado do cinismo!
Sinto que nem sei
Mais quem eu sou
Nem para onde vou!
Sinto que sempre acordei
Com a máquina que me impele:
Minh'alma sempre esteve entregue!
(João Paulo Moço)
Eu poderia palmilhar o mundo inteiro,
Sem jamais encontrar amor verdadeiro!
Pois, foi quando menos esperei
Que, do mais puro mel, eu provei!
Oh! Bela dama! É difícil escrever-te!
Afinal, para plenamente conhecer-te,
Eu deveria viver mais de mil anos,
Entre sonhos e delírios insanos!
E sou eu mais um simples mortal,
Sem virtude ou coisa especial,
Febril, te encontra em todo lugar!
No sorriso da mais pura criança,
Ou no louco que exala esperança,
Vejo a ti, graciosamente a bailar!
(João Paulo Moço)
Eu admiro a sua escolha!
Sim! Tu foste um sábio!
Ao veneno caído do lábio,
Escolheste a pureza da folha!
Folha de uma roseira
Onde mora a tua flor!
Que dedicas tanto amor,
Que inveja a aroeira!
Sim, amigo: tu és nobre!
E esta alma pobre
Faz-te uma reverência!
E brinda aqui, sozinho
Com enorme carinho,
Ao herói da sapiência!
(João Paulo Moço)
Siga a razão!
O que você prefere?
O estresse que te fere
Ou a amizade do irmão?
A estrada se dividiu
Bem a sua frente;
Dos caminhos, tu sentes,
Qual te iludiu!
O Sol brilha lá fora
E ele não irá embora
Se aqui você chegar!
E então, o que decides:
Uma tarde de sandices,
Ou com o amigo brindar?
(João Paulo Moço)
Os vermes que roeram sua carne,
Hoje, não destroem nada mais;
Pertence ao passado seu escarne,
Não mais sacias as forças primais!
Os anos se passaram lentamente,
E tu foste muito mais conhecido;
Na morte que na vida deprimente,
Destino ao qual foste submetido!
Oh! Maldito! Foi a magia hipnótica
De sua mente atormentada, caótica,
Que criou os mais belos versos!
Tais linhas enganaram a morte,
Tornaram-lhe eterno! E sua sorte,
Está imaculada dos vermes perversos!
(João Paulo Moço)
A Lua fez viajar seu brilho,
Tocando o íntimo de sua alma;
De curiosa, ela se fez calma,
Como se admirasse um filho!
Enquanto sonhavas distraída,
A rainha, do palco, descia;
"Sua atenção, eu merecia!"
Bradava a majestade, sentida!
"Deixei o meu trono lá nos céus,
Expulsei as nuvens, não quero véus
Entre mim e ti! Oh! Flor da Terra!
Vendo-te assim, em gestos altivos,
De meu amado, entendi os motivos:
Todas as manhãs, por ti, ele berra!"
(João Paulo Moço)
Hoje, despertou-me um desejo
De cantar a minha gratidão;
Por sua implacável dedicação
Meu lápis aproveita o ensejo!
Obrigado, meu querido professor,
Por ensinar-me a ler e escrever;
Nortear-me no caminho do saber:
Meu inesquecível alfabetizador!
Injustiça seria se minha partitura
Fizesse a música aqui terminar:
Tu foste além no meu conquistar
De conviver com escrita e leitura!
Mostrou-me a beleza deste casal
E a importância de não haver divórcio;
Pois, se cai por terra este consórcio,
Voa pelos ares a completude ideal!
Sim, hoje eu sei ler o mundo,
Questiono e me faço entender;
Sinto a busca, em mim, acender:
Chama por conhecimento profundo!
Guiou-me na aquisição da autonomia,
Com um amigo, mágico da simplicidade;
Que sempre renovou minha criatividade:
O livro, uma excelente companhia!
Mestre, se me deste muitos problemas
Foi por ter um espírito instintivo;
Em plantar a semente do incentivo
Para que eu lesse, resolvendo os dilemas!
Professor, grito mil vezes: obrigado!
Pois, sou sujeito de minha própria história;
Um cidadão capaz, perseguidor da vitória,
Que participa e constrói um sonhar alado!
(João Paulo Moço)