terça-feira, 31 de dezembro de 2013

A Armadilha Conformista


Vi máquinas de carne pela cidade,
Incapazes de sorriso ou pranto;
Não vi abundância na realidade,
Pois o conformismo é preto e branco!

Ele tem nas migalhas "a felicidade",
Não há virtudes em seu canto
Que só se ocupa da futilidade:
O banal assassinou o espanto!

E o povo assiste o cortejo passar
Numa triste ocupação, sem graça!
Vê a existência fugir, escorrida!

Eu prefiro morrer a me entregar:
Não quero engrossar a massa
Dos que já morreram em vida!

(João Paulo Moço)

Aos que não nasceram


Um poema é como um filho
Para a mente que o concebe;
Orgulho que não se mede,
Dedicação em pleno brilho!

Aqui, a tristeza me invade
Por tantos filhos que perdi;
Corações que não mais senti,
Partiram deixando a saudade!

Os benditos não viram a luz,
Provaram da foice que conduz
Ao abismo onde tudo se esquece!

Aos nobres, ergo minha taça,
Tendo ao redor a pior raça:
O pouco que este tolo merece!

(João Paulo Moço)

Perdido


Deixem-me lamber minhas feridas
E saborear as dores sofridas!
Vão embora! Deixem-me sozinho
Com o meu porre de vinho!

Minha mente não encontra porto
E o coração parece estar morto;
Sonhos fogem à passos largos
E a vida tem um gosto amargo!

Eu, liberto das amarras,
Abandono todas as minhas caras
E adentro, sem rumo, o mar!

Ignoro as ondas mais altas,
Terra firme não me faz falta:
Nada vai me fazer ancorar!

(João Paulo Moço)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

As lágrimas da Flor


As lágrimas da flor
Inundam toda terra;
No peito se encerra
Uma lancinante dor!

Palavras, ela as repudia!
Quer seu próprio jardim,
Um herói, entrega sem fim,
Sonho feliz, um novo dia!

Lembra dos ventos fortes
E do amor tão ausente
Que quase foram sua morte!

Quer findar-se, num repente!
Não chorar mais a pobre sorte:
Tristeza é tudo que sente!

(João Paulo Moço)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Fonte de Inspiração


Ah! Minha linda princesa!
De rara e pura beleza!
Meu pensamento, em ti,
Só sabe sonhar, sorri!

A minha inspiração?
Não veio do coração!
Veio de ti, meu amor!
A quem clamo com fervor!

Tão longe, tu estás!
Minh'alma, em pranto,
Só deseja a paz!

Universo em desencanto
E nosso amor quer mais:
Nós dois em acalanto!

(João Paulo Moço)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Frustração


A mais perfeita ironia
Para quem ama o silenciar;
É ser sempre impelido a falar
E viver em horrenda sinfonia!

O sonho num estalar de dedos:
Ao cume da montanha mais alta;
E dos murmúrios não sentir falta,
Não carregar o fardo dos segredos!

Uma vivência exclusiva da mente
Que finge ou já nem sente
As mazelas que a sociedade traz!

E vive a triste frustração
De ser levada pelo turbilhão,
Quando só quer estar em paz!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Proteção Divina


Sei que alguns desejam meu mal
E que outros querem me condenar;
Fazer-me sofrer e cascatas chorar,
Tornar-me sem gosto, um inútil sal!

"Que ele traia o seu ideal!",
Vivem a seus deuses clamar;
Pedem o meu último exalar,
Que eu beba o veneno letal!

De olhos fechados, peço piedade
Em especial aos inimigos meus:
Aniquile toda e qualquer maldade!

Mas não só a eles: também aos seus!
Pois sou guiado na mais pura verdade:
O Poder Libertador do Meu Deus!

(João Paulo Moço)

domingo, 4 de agosto de 2013

O Meu Lar


Ali, entre as árvores, eu me vi
Brincando tão puro e inocente;
Com sonhos nobres na mente
E luzes vibrantes, cheias de si!

A aranha e sua teia complexa,
Os cães de guarda a ladrar:
A natureza simples a bailar
Deixava tal criança perplexa!

E ali também eu chorei!
Pois aquela criança, eu sei,
Não pode ouvir minha prece!

A muralha do tempo nos separa!
"Era livre! Veja ali! Te encara!
Para ser quem você quisesse!"!

(João Paulo Moço)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Companheira Solidão


Numa noite, você foi embora
Mas, o amor aqui ficou;
E na casa apenas restou
A saudade que minh'alma chora!

Lembro-me, olhando o pó,
Que as nossas solidões
Protegiam-se nos corações!
E hoje? Minha solidão é só!

O tempo ofuscou sua imagem
E a solidão tornou-se um gigante;
Meu único prazer e amante!
Deus! Sou fera selvagem!

Por não ter mais a perder,
Acabei por perder o medo:
Das tormentas, descobri o segredo,
A noite transformou-se em meu ser!

Por instantes, sinto-me povoado
Novamente, quando nossas músicas
Ecoam como tristes súplicas:
Lembranças de um feliz passado!

Logo se vão:chegam ao fim!
Então, miro o meu interior:
Não há espinho nem flor,
O nada fez morada em mim!

(João Paulo Moço)

O Lado "Certo"


Temos sede de saber!
Seja na fé ou na ciência;
Perseguimos a sapiência,
Sem muito a merecer!

Soberbos tornam-se os egos,
Corações amanhecem cegos:
Muitos, conhecendo demais,
Esquecem que são todos iguais!

E, sedentos de glória e razão,
De várias formas se agridem,
Sem mais reconhecer o irmão!

Mesmo que não se aceitem,
Oh! Tolos! A vossa destruição
Brada feliz: "Não se respeitem!"!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A Mestra Desilusão


Só sei que eu não vou me enganar mais assim!
Cansei! Meu Deus! Tudo é tão triste para mim!

Pensei ser seu e entreguei o meu coração!
Chorei! Doeu! Não passou de grande ilusão!

Sofro mais em pensar o quanto demorei a enxergar!
Agora não mais! Nunca mais! Ao amor não vou me entregar!

Pelo mundo fui juntar todos os meus pedaços!
Um a um remontar, colar em tortuosos traços! (Bis)

Errante, eu vi! Não dei àqueles que mereciam amor!
E percebi que tolo eu sou: com as próprias mãos semeei minha dor!

Então sorri e entendi o que a vida cansou de explicar:
Que não é tarde! Nunca é tarde, para a sua própria história mudar!

(João Paulo Moço)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Como eu sou pobre!


Ah! Como eu sou pobre!
De rimas, de caráter..., de tudo!
Isto percebi e fiquei mudo,
Mas, o meu silêncio nada encobre!

Mesmo que eu corresse por anos,
Não poderia nunca me esconder
Da verdade que teima em aparecer,
Dos meus elementos mais insanos!

E, pela primeira vez, eu fui sábio,
Quando, simplesmente, me calei;
Nada disse..., tudo pensei,
Universo: eis o meu astrolábio!

(João Paulo Moço)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Lembranças


Tantas vezes passei por aqui!
Vem-me boa época à lembrança,
Voam meus sorrisos de criança,
Das aventuras saudosas que vivi!

Ah! Meus tantos tesouros indizíveis!
Guerreiros fortes da alta realeza!
Resgatam-me da Prisão Tristeza,
Com armas de prazeres inesquecíveis!

Quando me vejo tão feio,
Sinto as espadas em freio:
Eu já fui belo um dia!

E sinto que não morri,
Não embarquei nem parti:
Vem-me novamente, alegria!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Não se renda


Lute contra as forças negativas!
Elas bailam por toda parte,
Aqui ou nos campos de Marte,
Exibindo-se com vestes atrativas!

Não aceite o seu imenso peso
Como eu fiz num triste dia;
Caindo nos braços da melancolia,
Sustentando um gigante obeso!

Ele se alimenta de sua força vital,
Sua saúde é inversamente proporcional
Ao nosso sonhado bem estar!

Por isso, viva a vida intensamente!
Seja solo fértil para a semente
Do dom de, em si mesmo, acreditar!

(João Paulo Moço)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Paraíso Particular


É no bar mais sujo que existe,
Com meus amigos de jornada;
Que esqueço a vida flagelada
E deixo de ser pobre e triste!

Sou rico pelo abraço confortante
E o privilégio de ser ouvido;
Aqui, revelo-me fraco, ferido,
Louco de caminhada errante!

Aqui, sobre a podre mesa,
Ponho todas as minhas fraquezas;
Mostro quem sou de verdade,
Sem temer repúdio ou alarde!

Sim, eu mergulho de cabeça!
Encontrei aqui quem mereça
Ouvir meus lamentos singelos:
Amigos, do mundo, os mais belos!

(João Paulo Moço)

Mestre e Escravo


O homem deseja ser grande!
Não importa por onde ande:
Pisa a cabeça do irmão,
Só para ter a melhor posição!

Ele ri da sua desgraça
Por ser o melhor remédio!
Humilha-te no meio da praça
Para não cair no tédio!

Ah! E como ele mente!
Tão hábil que nem sente,
Tudo para vê-lo bailar!

Ao som da tirana melodia,
Já dancei e nada sentia,
A não ser o sabor do me enganar!

(João Paulo Moço)

terça-feira, 9 de julho de 2013

A Espera

 
Sinto uma espera invisível
De braços abertos para mim;
Ela clama, num tom sofrível:
"Ao meu tormento, dê um fim!"!
 
Ela anseia as palavras mais belas,
Atitudes que transbordem entrega;
Pinturas ultrarromânticas nas telas,
O "sim" da decisão rápida e cega!
 
Oh! Linda dama! Eu sempre recebo
As suas tristezas em pesadas preces!
Nessas linhas tortuosas, te escrevo:
 
Ah! Princesa! Se ao menos soubesses
Dos males que eu não descrevo,
Verias um alguém que não te merece!
 
(João Paulo Moço)

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Uma Tarde no Hospital


A dor tem morada neste lugar!
Ela emana de vários corpos!
Muitos só regressam mortos,
Deixando ali o último exalar!

Mas, também mortos ingressam:
Gélidos, duros e sem cor;
E provam novamente o calor
Da vida, que tantos versam!

Ali, a lágrima e o sorriso
Convivem num pleno improviso,
Em corações feridos, cansados!

Ali, as famílias se abraçam
No sofrimento que os enlaçam,
Implorando pelos entes amados!

(João Paulo Moço)

O Triste Amanhecer


Hoje eu amanheci tão triste,
Por minha ausência de sentido;
Pelo empenho não reconhecido,
Numa inutilidade que persiste!

Sinto que falo e ninguém ouve,
Estendo a mão e recebo o escarro;
Zombam, gargalham e tiram sarro,
Meu sofrimento, ao inimigo, aprouve!

A maior parte do meu tempo passa,
Numa rotina que me consome;
Mata meus sonhos: ela tem fome!
Faz da minha vida sem graça!

E nem quando me deito tenho paz:
Os horrendos pesadelos nada mais são
Que minha pobre vida em alusão,
Agarrando-me à névoa que se desfaz!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Seu Pranto, Minha Vergonha!


Foi no rolar do teu pranto
Que eu confrontei a vergonha;
Como um bicho de peçonha,
Ela ria do meu espanto!

Lágrimas dançavam em teu rosto
E o pobre coração sangrava;
Ao sofrimento se entregava,
Provando um amargo desgosto!

E tudo por mim!
Parecia não ter fim
A dor que ao vento voa!

Oh! Como fui tolo!
A ti, não tenho consolo:
Minha amada, me perdoa!

(João Paulo Moço)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Tropa de Choque


Os cassetetes beijam os escudos
E todos ficam mudos;
Aguardando o violento toque
Da temida tropa de choque!

Massacram um povo sofrido
Que, sem apanhar, já é ferido;
Pela política da corrupção,
Pelo fardo do patrão!

Na própria carne, passam a navalha;
Sangram pelos mesmos canalhas
Que lhe pagam um soldo de miséria!

Golpeiam de olhos vendados,
Como a fera destrói o gado,
Estraçalhando veias e artérias!

(João Paulo Moço)

Novos Tempos


Sinto a chegada de novos tempos,
Na primavera, nas flores, nos ventos;
Exalando um tom de esperança,
Realizações, alegria e mudança!

Cada momento é um presente
Que Deus põe em nossa frente;
Um lindo sonho feliz a dançar,
Esperando o trem do realizar!

Que ele não demore a surgir,
Parando na estação, a sorrir,
Provando saborosos embarques!

E retome a viagem com muito suor,
Na construção de um mundo melhor,
Um belo caminho que a todos marque!

(João Paulo Moço)

sábado, 8 de junho de 2013

Um brinde a nossa pobreza!


Mais uma vez, reunidos!
Brindando, em meio aos feridos!
Cerca-nos rostos tão belos,
Uns complexos, outros singelos:
Todos carentes de atenção!
Cada qual, ostenta uma ilusão!

Ao fundo, sons se misturam:
Acordes populares flutuam,
O rock clássico corta o ar!
Dividem a massa a sonhar
Em não tomar o trem lotado,
Em não ser mais um empregado!

Do "outro lado", arrotam nobreza,
Poucos membros da realeza!
São mesma massa, formam o inteiro!
"Mas, papai tem dinheiro!",
Brada a "elite", a "casta nobre",
De uma cidade pobre!

Pobres somos todos nós!
Maldito destino atroz!
Pois, sempre algo nos falta:
Ganância, sempre em alta!
Então: a pobreza brindemos!
E a tudo que jamais teremos!

(João Paulo Moço)

O Escritor de Ninguém


As palavras me saltam do papel
Barulhentas, num ensurdecedor tropel;
Bradam uma, dez, cem:
Gritam para ninguém!

Sou o escritor das paredes!
Ávidas, elas têm sede;
Cobrem tudo com areia e cimento,
Poupam o mundo de um grande tormento!

Meus poemas saem a esmo,
Não agradam nem a mim mesmo,
Por que sigo a escrevê-los?

Oh! Meus filhos! Tão feios!
Monte de palavras em rodeios,
Melhor não mais concebê-los!

(João Paulo Moço)

Barreiras e Abismos!


Sinto uma barreira enorme
Entre mim e a genialidade;
Entre o que penso e a verdade,
E nada faz com que a contorne!

Sinto um imenso abismo
Entre mim e algo bom;
Meus gritos são o som
Deslavado do cinismo!

Sinto que nem sei
Mais quem eu sou
Nem para onde vou!

Sinto que sempre acordei
Com a máquina que me impele:
Minh'alma sempre esteve entregue!

(João Paulo Moço)

Você, em todo lugar!


Eu poderia palmilhar o mundo inteiro,
Sem jamais encontrar amor verdadeiro!
Pois, foi quando menos esperei
Que, do mais puro mel, eu provei!

Oh! Bela dama! É difícil escrever-te!
Afinal, para plenamente conhecer-te,
Eu deveria viver mais de mil anos,
Entre sonhos e delírios insanos!

E sou eu mais um simples mortal,
Sem virtude ou coisa especial,
Febril, te encontra em todo lugar!

No sorriso da mais pura criança,
Ou no louco que exala esperança,
Vejo a ti, graciosamente a bailar!

(João Paulo Moço)

A Escolha Sábia


Eu admiro a sua escolha!
Sim! Tu foste um sábio!
Ao veneno caído do lábio,
Escolheste a pureza da folha!

Folha de uma roseira
Onde mora a tua flor!
Que dedicas tanto amor,
Que inveja a aroeira!

Sim, amigo: tu és nobre!
E esta alma pobre
Faz-te uma reverência!

E brinda aqui, sozinho
Com enorme carinho,
Ao herói da sapiência!

(João Paulo Moço)

O Caminho a Seguir


Siga a razão!
O que você prefere?
O estresse que te fere
Ou a amizade do irmão?

A estrada se dividiu
Bem a sua frente;
Dos caminhos, tu sentes,
Qual te iludiu!

O Sol brilha lá fora
E ele não irá embora
Se aqui você chegar!

E então, o que decides:
Uma tarde de sandices,
Ou com o amigo brindar?

(João Paulo Moço)