quinta-feira, 30 de maio de 2013

O dia ainda não terminou...


Nunca diga: "Tive um ótimo dia!"
Se ele ainda não terminou;
Pois, a sua intensa euforia
Pode partir nas asas do grou!

É quando tudo está bem
Que forças estranhas conspiram;
Fazendo de você um refém,
Do ar que os tolos respiram!

Um mero segundo é suficiente
Para transformar o verão em inverno:
A destruição vem num repente!

Faz da vítima um subalterno:
O coração chora, porque sente
O céu dar adeus e imperar o inferno!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Prisão da Vida


Sinto que os meus versos
São como as frias grades;
Da prisão que me invade,
Dos prazeres dispersos!

Palavras, por mais belas,
Jamais traduzirão a vida;
Alegria ou dor sentida
Nas mais diversas telas!

Tais obras não se resumem
Em elaboradas teorias;
São infinitas as suas vias:
As doutrinas nos iludem!

Existir é o pleno caminhar
Dos nossos próprios passos;
Sentindo o sabor dos traços,
Mesmo que venham amargar!

Viver são aqueles momentos
Em que a descrição nos falta;
E os olhares seduzidos, à ribalta,
Reluzem espetáculos intensos!

(João Paulo Moço)

sábado, 25 de maio de 2013

Escrevendo o "Não-Escrever"


Veio-me o imenso desejo
De nunca mais escrever;
Pensamento a resplandecer
Em linhas tortas, versejo!

Contento-me às belas poesias
De sofridos e sábios mestres;
Almas descontínuas, alpestres,
Dançando em minhas cercanias!

Nelas, tenho tudo que preciso
Para tratar meus sentimentos;
Porto seguro, luz, alentos,
Perfume encantador de narciso!

A onda atingiu-me tão forte
Lançando-me para fora do papel;
Trabalhando-me com afiado cinzel,
Faz de mim o seu consorte!

Maravilhoso foi poder entendê-la
Que, num paradoxo, peguei a pena;
Desafiando a razão na arena,
Só pelo alívio em descrevê-la!

(João Paulo Moço)

O Sonhador Flagelado


Ele vem da labuta
Com sonhos na cabeça!
E, por mais que os mereça,
Criticam sua conduta!

Ele vem da batalha
Com olhar cansado;
E pensamento alado,
Na vida, entalha!

O brilho de sua luz
Fascina e seduz:
Venha logo, amigo!

Só nós o entenderemos
E sempre o apoiaremos
Sem mensurar o perigo!

(João Paulo Moço)

Dúvidas, Incertezas!


Ver quem você ama,
Da sua dedicação duvidar;
Faz o coração sangrar,
Põe em xeque a chama!

Sofrimentos do futuro
Não devem ao presente pertencer!
Hoje, não a faço reconhecer
Um belo amanhã seguro?

Maldita incerteza!
Depõe a realeza
Do meu sincero amor!

Ele é sentimento singelo,
O que tenho de mais belo
E, mesmo assim, lhe causa temor!

(João Paulo Moço)

terça-feira, 21 de maio de 2013

O Fim da Festa


Fecham-se as portas dos bares
E, aos bêbados, resta a calçada;
No consolo da noite enluarada,
Lamentos que voam pelos ares!

Andando pelas ruas, bem cansado,
Vislumbro a retirada dos boêmios;
Prolongam a saideira, alguns gênios,
Num papo sobre um mundo destroçado!

Vai morrendo um cinzento domingo,
Inaugura a semana com preguiça,
Do céu, já cai o primeiro pingo!

O frescor da chuva, minh'alma atiça,
Relembra um jovem que bem distingo
Desse adulto corroído em injustiças!

(João Paulo Moço)

sábado, 18 de maio de 2013

Desbravando o Egoísmo


A desordem deu as mãos
Às más ações deste mundo;
E fez ouvir seu grito imundo:
"Moro no egoísmo, irmãos!"!

É esta morada que faz da vida
Um triste e desastroso naufrágio;
E ela encontra em nosso sufrágio,
A porta aberta que lhe convida!

Decadente cenário vem se compor:
A ignorância escraviza a sabedoria;
Enterra-se o equilíbrio em cova fria,
A cólera vem sufocar o pleno amor!

Quero vê-lo desnudo ao microscópio!
Tu não amas? Oh! Podre sentimento!
Não faço um notável descobrimento:
O egoísmo é amante de si próprio!

O marujo que se entrega à cegueira
Não foi tocado por este amor doente;
Só o será se tiver em sua mente
Que todos devem trilhar sua maneira!

O egoísta tem em si um discurso nato,
Em fala bem doce ou berro amargo;
E, mesmo que a vítima cumpra o cargo,
Encontrará mil motivos ao ser ingrato!

Mas, a vida logo encontra o seu veto!
E o homem cuja única preocupação
Foi mergulhar num mar de abjeção,
Fecha os olhos sem ter nenhum afeto!

(João Paulo Moço)

terça-feira, 14 de maio de 2013

Quando tive medo


Não tive medo do violento,
Nem de seus gritos ao vento;
Como um cão a ladrar,
Com a boca a espumar!

Não temi o mau-caráter,
Que ameaçou caluniar-me;
E, na lama, um dia atirar-me,
Humilhando a célula mater!

Sim! Eu jamais me acovardei
Diante desses malditos sons!
Foi quando me impressionei!

Frente aos mais agressivos tons
Pelo inesperado, me horrorizei:
O gélido silêncio dos bons!

(João Paulo Moço)

Aprendi


Aprendi que a criação mais perigosa
Vem de uma alma silenciosa;
Num vento frio, põe tudo a tremer!
Não tem amores: ela é pobre
E o ódio, este vazio encobre,
Um alguém sem nada a perder!

Aprendi sobre a Liberdade infinita,
Que o tolo, aos ventos, grita,
Como exibindo um relicário!
Que, por ela, é preciso ser forte,
Enfrentando a própria morte,
Ou nem tê-la no vocabulário!

Aprendi com a Senhora Leitura
Sobre o poder da semeadura
Que ela insiste em ser lida!
E reconheci no seu intenso olhar:
Um livro é capaz de transformar
O sentido de toda uma vida!

Aprendi a amar minhas derrotas,
Reconhecendo nelas novas portas
E não apenas o que há de pior!
Pois, elas também são sementes
Que só um coração aberto sente,
Para fazer sempre mais e melhor!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Amor de Mãe


Não há nada neste mundo
Comparável ao amor materno;
Presente da primavera ao inverno,
Cultivo abençoado e fecundo!

No peito da mulher se encerra,
Quando destinada à nobre missão;
O sabor milagroso da criação,
Encarnando a divindade na Terra!

O amor de mãe é o combustível
Para tornar o inalcançável possível:
Derruba obstáculos, encurta distâncias!

E, se queres retribuir-lhe a vida,
Faça por ela, na velhice sofrida,
O que fez por ti na frágil infância!

(João Paulo Moço)

sábado, 11 de maio de 2013

O Eclipse Anelar


A Austrália viu o beijar
Dos mais lendários astros!
O firmamento é o lastro
De um raro encontro anelar!

No palco estão Sol e Lua!
Namorados, poetas, cientistas:
O país é platéia dos artistas,
Com gracejos da brisa a face nua!

Estrelas dançam ao redor do casal!
Talvez, outras lendas em união
De uma outra civilização austral!

Cintilam as guias da federação!
Festejam o capricho magistral
Com que Deus abençoa esta nação!

(João Paulo Moço)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A Prece

Hoje, a Bela perdeu a paz!
Sua mente, em águas revoltas,
Pragueja em palavras soltas,
Ao inferno, bruto e tenaz!

De lá regressa, desnorteada!
Foram intensas as batalhas,
Enfrentando jovens canalhas
Sem respeito a si, a nada!

Amor, não te quero assim,
Entregue as garras do estresse!
Que o seu tormento tenha fim!

Aos céus, eu fiz uma prece
E um lindo presente deste a mim:
Seu doce sorriso, que vem, amanhece!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O Vício


A pena nas mãos tornou-se meu vício,
Não importando o estágio dos céus;
As batidas do coração, como forte tropel,
São inspirações, meu norte, artifícios!

Cada uma delas tem um sabor diferente,
Turbilhão de sentimentos pulsando no peito;
Todos guerreando: "Quem será o eleito?
Caminho de luz para que um verso invente!"!

O vento sopra a voz: "Por que escreve tanto?"!
Aos ares, não é tão difícil responder!
Tu que moves os mares e sempre secou meu pranto!

"Oh! Senhor, movo a pena ao escrever
Em sintonia a tristeza ou ao encanto,
Até que em meu peito cesse o bater!"!

(João Paulo Moço)

Um Alguém


Quero abrir as veredas do coração,
Revelar cada beco e viela;
Libertar os segredos, abrir a cela,
Lavar a alma em confissão!

Quero um alguém que queira me ouvir
Mas, que também queira proclamar discurso;
De sua vida, seu fabuloso percurso,
Do que espera de um novo porvir!

Tal como a luz do Sol, este confidente,
Deve proteger minhas humildes sementes,
Ser implacável até o fim!

E jamais este tão sonhado amigo,
Mesmo diante do pior perigo,
Deve usar o que eu disse contra mim!

(João Paulo Moço)

O Nosso Encontro


Quando nossos lábios se abraçaram,
O mundo viu o seu próprio fim;
O Sol brilhou dentro de mim
E todos os poetas se calaram!

Quando nossas almas deram as mãos,
O inverno bradou em voz quente;
Encontrei na tristeza um ser que mente,
Por onde passo, só reconheço irmãos!

Quando nossos corpos, magnetizados,
Fundiram-se numa única luz,
Todos os olhos declararam, extasiados,

Que a nossa mágica inspira, seduz
E que não existe hoje, entre os seres alados,
Um que não deseje a asa que nos conduz!

(João Paulo Moço)

domingo, 5 de maio de 2013

A Mesma Mão


Tuas mãos levam-me ao paraíso,
Mergulho completamente neste mar;
Não quero ser platéia ao passar
Da felicidade: quero viver o sorriso!

Sei que este flutuar nas nuvens
É uma chuva passageira;
Como a rosa na roseira:
Por um breve olhar a tens!

Quando a última pétala beija o chão,
Ela abre as cortinas para o espanto
Concretizar-se no espetáculo da ilusão!

A alegria cede a palavra ao pranto:
A mão majestosa hoje é a mesma mão
Que te açoita impiedosa, semeando desencanto!

(João Paulo Moço)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sofrido Conhecimento


As sofridas notas do violão
Estão em perfeita sintonia;
Com as batidas sem alegria
Do meu triste coração!

Ah! Como pode ser tão fraca?
Humilhar meu grande amor;
Causar-lhe as lágrimas da dor,
Mostrar-se assim, tão ingrata?

Corram pelos ares, lamentações!
Regressem com algum consolo!
Tragam-me o dom de perdoar!

Faziam-me feliz as ilusões,
Sorria antes, quando era tolo
E hoje, sou um "sábio" a chorar!

(João Paulo Moço)

Quero ser Criança!


Ah! Como são cheios de vida!
Gritam, pulam, dançam e cantam;
Alegria e vitalidade que encantam,
Sua energia intensa é sentida!

Um momento nessa sintonia
Fez-me esquecer do que preciso;
Compartilhando um belo sorriso,
Dispersando a nuvem fria!

Crianças, em sua simplicidade
Repousa a verdadeira felicidade
Pois, com pouco, tem o mundo!

Eu quero voltar a ser criança!
Fazer renascer a esperança,
No íntimo mais profundo!

(João Paulo Moço)

Defenda-se: Seja Feliz!


Muitas pessoas, em situação difícil,
Estendem aos outros sua ausência de paz;
E, aos poucos, contamina os demais,
Como por necessidade, um vício!

É como se, admirar um outro sofrer,
Atenuasse o seu próprio;
Este é seu maldito ópio,
Droga que amplia o escurecer!

Defendam-se deste sentimento!
Não permitam que o mundo te imponha
O seu grande tormento!

Rechace a ideia medonha!
Espalhe a transformação ao vento,
De um alguém que feliz sonha!

(João Paulo Moço)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Um Convite à Pensar


O que se passa num pensamento?
Nada que se possa mensurar;
Ele tem o dom de voar!
Onde estará nesse momento?

Seu destino, jamais saberemos!
O pensamento é a cidade,
Onde mora a liberdade,
Que em vida, jamais conhecemos!

Sonhas em ser livre? Pense!
Pois, se as grades você não vence,
Nos segredos da mente se refugia!

Universo onde ninguém te alcança,
Construtor da tua esperança,
Na realização de melhores dias!

(João Paulo Moço)

Hipocrisia


Por muito tempo, demorei a entender
Que as palavras devem correr livremente;
Sem molduras ou correntes,
Tem direito ao seu pleno poder!

Então, por que dedico-me a prisão,
Construindo-a nestes versos;
Contradizendo os inversos:
A loucura e a razão?

Sinto o ranço da hipocrisia
Surgir como a única resposta
Do que nunca admitia!

Oh! Sociedade de bosta!
Vê nos outros a podre ferida,
Fecha os olhos para a própria vida!

(João Paulo Moço)

A Verdadeira Poesia


Olhando os símbolos no papel,
Não consigo ver poesia;
Nesta figura, rígida e fria,
Não encontro o azul do céu!

Erga a cabeça e olhe
As maravilhas do Criador;
Sinta, no mundo, o amor,
Deixe que a chuva te molhe!

Quer uma verdadeira poesia?
Olhe o sacrifício da mãe que cria
Sozinha seus filhos amados!

Veja nos olhos da idosa cansada,
Uma vida digna de ser lembrada,
Uma festa em diversos brilhos!

(João Paulo Moço)

Na Minha Época


Na minha época era diferente,
Os pais nos aconselhavam;
E limites nos davam,
Cuidavam da sua semente!

Na minha época, um professor,
Mesmo recebendo esmola;
Dentro ou fora da escola,
Gozava de um grande valor!

Os filhos não enfrentavam os pais,
Nem tratava-os como iguais:
Prezava-se a sadia submissão!

Uma palmada não era crime,
Um castigo era sublime:
Cuidava-se mais da educação!

(João Paulo Moço)