domingo, 28 de outubro de 2012

D. Sebastião


Aquele agosto, eu sempre maldirei
Período de realidade trágica!
Nele, como num passe de mágica
A África tragou o nosso rei!

Alcácer-Quibir foi o palco
Onde os portugueses sangraram;
E o último suspiro exalaram
Entregues ao poderoso assalto!

Mas tu, não morrestes!
E ainda há de regressares!
Pois, em nobre terra nascestes!

E com forças seculares,
Ao povo que tanto amastes,
Ei de ver tu libertares!

(João Paulo Moço)

Ilusão

Sem nenhuma pretensão
De conseguir sua atenção;
Apenas com a ilusão
De conquistar o seu sorriso!

Ao olhar para o lado
E ter sua visão;
Posso até me equivocar
Achando estar no paraíso!

Tal engano não persiste
Quando miro o seu olhar:
A esperança resiste!

Quando lês este sonhar
Tu crês que ainda existe
Mil motivos para amar!

(André Luiz Fricks, Arnaldo Galdino de Mello, Carlos Eduardo Moço Magaldi, João Paulo Moço e Marcelinho Magaldi)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Soneto da Solidão


Depois de muito tentar
Vi os anos se esvaírem;
E as esperanças decaírem
Nas estradas do amar!

Nas paragens, me apaixonei,
Lutando, sem medir esforços;
Caindo a noite, sem remorços,
Por várias vezes, eu chorei!

Meu amor nunca foi suficiente
Deixando triste rastro no caminho
Expulso sem razão, aridamente!

Coração em eterno desalinho
Constata a realidade deprimente:
Meu destino é ser sozinho!


(João Paulo Moço)

domingo, 21 de outubro de 2012

As Virtudes de Larissa

Seu olhar é um universo
Repleto de brilhos estelares!
Atrai cativos aos milhares,
Abranda até o mais perverso!

Nas ondas dos teus cabelos
Repousa a serenidade!
Fruto de imensa bondade,
Consolo dos meus apelos!

O amor, dos teus lábios,
Transborda em doce premissa,
E encanta os seres mais sábios!

Sua existência é clarissa!
E o antigo fascínio pelos astrolábios
É nada frente ao meu por Larissa!

(João Paulo Moço)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Submundo é o Mundo


Mergulhei nas ruas, adentrei a lama!
Provei com intensidade, seu calor!
Capaz de provocar alegria e dor!
Realidade: discursos moralistas, inflama!

Nela, vi um universo de vícios!
Tantos quanto se possa imaginar!
Abrangência que hipócritas insistem negar!
Do "Império", são eles os patrícios!

Falam de moral por pura política!
Deliciam-se no pote mais imundo!
São o topo de uma pirâmide detrítica!

Enterram os demais no abismo profundo!
Ignoram a verdade, evitando autocrítica:
Todas as classes são o submundo!

(João Paulo Moço)

sábado, 13 de outubro de 2012

"Freedom": Conselhos de Amigos

Onde estarias tu nessa hora?
No trabalho, envolto em problemas?
Enlouquecendo por mil dilemas?
Tendo a tristeza por senhora?

Onde estarias investindo o seu tempo?
No que jamais deveria ser?
No mal estranho que só faz crescer?
Nas estradas de um relacionamento?

É isso que tu lamentas?
Ter evitado um momento tosco?
Oceano assolado por tormentas?

Tire tal infelicidade do rosto!
Abandone tais vestimentas,
E alegre-se de estar conosco!

(João Paulo Moço)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Monstro

Visita-me um sinistro pesadelo
Coroando a gélida madrugada;
Tragédia mais que revelada
Delírio: sempre temi vê-lo!

No espelho, o meu reflexo
Revela um monstro aterrador!
Quase posso sentir o odor!
Figura abominável e sem nexo!

Fitei meu segredo, agora aberto
E o que ele me diz?
Cheguei ainda mais perto!

Enxerguei o que sempre quis:
Sou aquele que nada faz certo
E que não faz ninguém feliz!

(João Paulo Moço)

Em Mim, o Ontem no Hoje

Assim como o litorâneo
É avesso ao interior;
A mim, com mesmo fervor
É o meu contemporâneo!

Quando conhece meu gosto
E perpassa meus costumes;
Reage em azedumes
E logo me vira o rosto!

"Minhas músicas" pertencem ao passado!
Livros seguem a mesma linha!
Meu romantismo é ultrapassado!

Deveras ser figura sozinha:
Ninguém quer viver ao meu lado
Uma época que não é minha!

(João Paulo Moço)

O Dia de um Herói

Feliz é o dia
Que te viu nascer!
E, em prantos, florescer
Para viver a alegria!

A ti, quem diria!
Outrora, mero pequenino;
Tão nobre destino
Deus lhe confiaria!

Em meio à maldições
Lutas com perseverança!
Desiludes as ilusões!

Inundado de esperança
Ensinas os corações:
Lutem por sua bonança!

(João Paulo Moço)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Poeta, Mente Inquieta

Nos segredos do poeta
Se revelam um sonhador;
Cantando os melindres do amor
Empenha-se sua mente inquieta!

Deseja sempre se expressar
Logo, não cessa em escrever;
O que ousa ou não viver
Nunca pára de sonhar!

Seja o inferno ou o céu
Escreve em qualquer lugar
Tudo é seu papel!

Não importa onde possa estar
Destila o doce ou o fel
Em casa ou na mesa de um bar!

(João Paulo Moço)

A Maldade é Marca Eterna

O desastre é tão ágil!
Suas estradas tortuosas,
Fazem um mar de rosas
Ser mera película frágil!

Pelo tempo, constrói-se a paz!
Mas, ação ou palavra maldita,
Seja pensada ou mesmo escrita,
Trás o inferno e ao céu desfaz!

Não importa o quão agradável
Tu possas ter sido:
Nada adiantou seres amável!

Se, por um coração ferido
Fores tu o responsável
Todo bem será esquecido!

(João Paulo Moço)

A Solidão do Tolo

Como as luzes da cidade,
Brilham olhares apaixonados!
Completamente inebriados
Transbordam plena felicidade!

Sorrisos por todo o lado
E juras de amor sem fim!
Seus beijos revelam a mim
A intensidade de seu brado!

A felicidade alheia
No mais belo dos frutos crê:
É o que o amor semeia!

E o mais tolo dos tolos vê
Linda atmosfera que aos casais clareia
E está aqui sem você!

(João Paulo Moço)

A Víbora Mascarada

Transformar-te, tu nem tentas!
Ignoras seus malditos feitos!
Nos outros, apontas defeitos!
Se não os têm, tu inventas!

Lanças fora precioso tempo!
Por que não lês um livro?
A maldade passa em teu crivo!
Ela sim é seu doce alento!

Sua boca dispersa o mal!
Podres, são suas sementes!
Beleza encobre o sepulcral!

Deus te deu estranho presente:
Um rosto angelical
E uma língua de serpente!

(João Paulo Moço)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Presente Incompreendido

Escala o Cáucaso, a novilha!
Encontrando o lendário titã!
No sofrimento, ela é sua irmã!
Sua presença desfaz uma ilha!

Io e Prometeu, pobres criaturas!
Ele deu aos homens qualidade!
E, como ela, provou a maldade
Por enfurecer os deuses nas alturas!

Outrora uma bela flor
Não tarda em se espantar
Com o motivo de tanta dor!

Não compreende o iluminar!
O titã deu com imenso amor
A magia dos grilhões quebrar!

(João Paulo Moço)

A Soberana de Creta

Roubastes da Lua, a madrugada!
Oh! Europa, linda princesa!
És dona de rara beleza!
Inveja-te a ninfa azulada!

Do Olimpo, o supremo deus
Ao ver-te colher a flor;
Entrega-se ao poder do amor:
Tomastes o coração de Zeus!

Nele, um sentimento desperta,
Agraciando tão nobre linha:
Veloz como a mortífera seta;

No esplendor dos mares caminha,
Dando-lhe o refúgio de Creta,
Transformando Europa em rainha!

(João Paulo Moço)

A Verdade Revelada

A quem eu tento enganar
Com a ladainha de meus versos?
Melhor mantê-los submersos
No sábio dom do silenciar!

Linhas tortas, enredos enfadonhos!
Pecado, só de ousar pensá-los!
Aos mestres, só faço insultá-los!
Palavras podres, frutos medonhos!

Quem eu penso que sou, afinal?
Meus poemas se perdem na madrugada!
Não vêem a manhã por realidade sepulcral!

Nenhum coração minha obra agrada!
Escrevo ao vazio mortal:
Não sou poeta nem homem: sou nada!

(João Paulo Moço)

A Fuga

A Fuga
Quero fugir do mundo,
De toda sua insanidade;
E encontrar a liberdade
Perdida em sonho profundo!

O delírio se mostrava impossível,
Distante de homens como eu;
Escravos, perdidos no breu,
Lenda de valor indizível!

Criei asas e para longe voei,
Sem direção, sem norte: a esmo!
E inúmeros caminhos trilhei!

O horizonte tornou-me um vesgo!
E com tristeza revelou-me o que sei: 
Não posso fugir de mim mesmo!

(João Paulo Moço)